Você já parou para pensar em como está sua relação com o trabalho? Não no sentido de “gosto do que faço” ou “meu salário é bom”. Mas no sentido de: como você se sente? O trabalho te energiza ou te esgota? Te faz crescer ou te diminui? Te dá propósito ou te deixa vazio?
Tem gente que acorda todo dia com aquele peso antes mesmo de começar, que não consegue desligar nunca e a cabeça está sempre lá, mesmo quando o corpo está em outro lugar. E tem gente que vai no automático, cumprindo tarefas, pagando contas, mas sentindo que está vivendo uma vida que não é bem a sua.
Trabalho não é só sobre o que você faz das 9h às 18h. É uma parte enorme da sua identidade, da sua rotina, das suas relações. Quando vai bem, isso reverbera em tudo, você se sente capaz, útil, reconhecido. Quando vai mal, contamina o resto: o sono, os relacionamentos, a saúde, a forma como você se vê.
E aqui está o problema: a gente normaliza demais o sofrimento no trabalho. “Todo mundo está estressado”. “É assim mesmo”. “Tem que aguentar”. Mas não, não tem. Trabalho pode ser desafiador, pode ser cansativo, mas não deveria te adoecer. E quando adoece, é hora de parar e olhar com mais atenção.
O trabalho não é só seu, você está num sistema
Aqui entra algo que acho fundamental e que a abordagem sistêmica nos ajuda a enxergar: muitas vezes, quando você está mal no trabalho, o problema não é você. É o sistema organizacional no qual você está inserido.
A gente tende a individualizar tudo. “Não estou dando conta, deve ser porque sou incompetente”. “Estou estressado, preciso ser mais resiliente”. “Não me encaixo aqui, talvez eu que esteja errado”. E claro, às vezes a gente tem sim responsabilidade sobre nossos problemas. Mas frequentemente, o que parece ser um problema individual é na verdade um sintoma de um sistema que está adoecido.
Quando o problema é o sistema
Pense num ambiente onde as demandas são sempre irreais. Onde os prazos são impossíveis mas você não pode questionar. Onde não há clareza sobre o que se espera de você, as regras mudam o tempo todo. Onde há uma cultura de competição feroz entre colegas, onde ninguém confia em ninguém. Onde reconhecimento não existe mas crítica é constante. Onde há micro gerenciamento sufocante ou, ao contrário, abandono total sem nenhuma orientação.
Nesses contextos, você pode desenvolver ansiedade, sintomas físicos, ou outros sinais de adoecimento. É uma resposta saudável a um ambiente que está doente. Seu corpo e sua mente estão sinalizando: algo aqui não está funcionando.
🏢 Ambiente de trabalho: tóxico vs saudável
Reconhecer as características do ambiente onde você está pode te ajudar a entender se o problema é você ou o sistema
Ambiente Tóxico
- ✗ Demandas irreais e prazos impossíveis
- ✗ Falta de clareza sobre expectativas
- ✗ Cultura de competição feroz
- ✗ Reconhecimento ausente, crítica constante
- ✗ Micro-gerenciamento ou abandono total
- ✗ Comunicação confusa ou agressiva
- ✗ Injustiças e favoritismo evidentes
- ✗ Conflito de valores constante
- ✗ Falta de suporte e comunidade
Ambiente Saudável
- ✓ Expectativas claras e realistas
- ✓ Comunicação transparente e consistente
- ✓ Cultura de colaboração
- ✓ Reconhecimento presente e genuíno
- ✓ Autonomia com suporte adequado
- ✓ Comunicação respeitosa
- ✓ Justiça e transparência nas decisões
- ✓ Alinhamento de valores possível
- ✓ Senso de comunidade e pertencimento
💡 Importante:
Se você está em um ambiente tóxico, desenvolver ansiedade, estresse ou outros sintomas são uma resposta do seu corpo sinalizando que algo está errado com o sistema, não com você.
Sinais de adoecimento no trabalho
Como identificar que o trabalho está te adoecendo
O adoecimento no trabalho não acontece de uma hora para outra. É um processo gradual, onde os sinais vão aparecendo aos poucos. Reconhecer esses sinais precocemente pode fazer toda a diferença.
✓ Checklist: meu trabalho está me adoecendo?
Marque mentalmente os itens que se aplicam a você
Você teme o domingo à noite ou a segunda-feira de manhã?
Não consegue desligar do trabalho, mesmo fora do horário?
Sintomas físicos (dores, problemas digestivos, insônia) pioram durante a semana de trabalho?
Perdeu interesse em atividades que antes te davam prazer?
Suas relações pessoais estão sendo afetadas pelo trabalho?
Aumentou o uso de álcool, remédios ou outras substâncias para lidar?
Pensa frequentemente em sair do emprego?
Sente que está vivendo no automático, sem propósito?
Sua identidade está completamente fundida com o trabalho?
Ansiedade ou tristeza constantes relacionadas ao trabalho?
💭 Para refletir:
Marcou 1 ou 2 itens? Esse sinal já merece sua atenção. Não é normal sofrer no trabalho, mesmo que seja “só uma coisa”.
Marcou 3 ou mais? Considere buscar apoio profissional. Esses sinais podem evoluir se não cuidados.
Marcou 5 ou mais? Procure ajuda o quanto antes. Seu corpo e mente estão sinalizando que algo precisa mudar.
Reconhecer que você precisa de ajuda é autocuidado.
Sinais emocionais e mentais
- Ansiedade constante relacionada ao trabalho, especialmente antes de começar a semana
- Tristeza profunda, sensação de vazio ou desesperança
- Irritabilidade extrema com coisas pequenas
- Crises de choro frequentes
- Sentimento de inadequação ou fracasso constante
- Perda de motivação e interesse pelo trabalho
- Dificuldade de concentração e memória
- Pensamentos intrusivos sobre o trabalho mesmo fora do horário
Sinais físicos
- Dores de cabeça frequentes ou enxaquecas
- Tensão muscular crônica (especialmente pescoço, ombros, costas)
- Problemas digestivos (gastrite, síndrome do intestino irritável)
- Insônia ou sono não reparador
- Fadiga constante que não melhora com descanso
- Palpitações ou sensação de aperto no peito
- Alterações de apetite (comer demais ou perder o apetite)
- Queda de imunidade, ficar doente com frequência
Sinais comportamentais
- Procrastinação constante de tarefas do trabalho
- Isolamento social – evitar colegas, família, amigos
- Uso aumentado de álcool, cigarro ou outras substâncias
- Dificuldade de sair da cama ou ir trabalhar
- Evitação de situações relacionadas ao trabalho
- Explosões emocionais ou choro repentino
- Trabalhar excessivamente sem conseguir parar (workaholism)
- Descuido com aparência pessoal ou saúde
Sinais relacionais
- Conflitos aumentados com colegas, chefes ou família
- Dificuldade de comunicação ou se expressar
- Cinismo ou negatividade excessiva sobre o trabalho
- Afastamento emocional das pessoas
- Impaciência e intolerância com outros
- Sentir que está sempre na defensiva
O adoecimento relacionado ao trabalho pode se manifestar de várias formas. Entender essas diferenças ajuda a buscar o tipo de ajuda mais adequado para você.
🏥 Diferentes formas de adoecimento no trabalho
Entender o tipo de adoecimento ajuda a buscar o tratamento adequado
Ansiedade ocupacional
O que é: Preocupação excessiva relacionada ao trabalho. Medo de falhar, ser demitido, não dar conta.
Sinais: Crises de pânico antes de reuniões, evitação de tarefas, hipervigilância constante.
Buscar ajuda quando: Interfere significativamente no desempenho ou causa sofrimento constante.
Depressão relacionada ao trabalho
O que é: Trabalho contribui para quadro depressivo. Perda de sentido, desesperança sobre futuro profissional.
Sinais: Falta de energia e interesse, sensação de estar preso, vazio profundo.
Buscar ajuda quando: Sintomas persistem por mais de 2 semanas e afetam qualidade de vida.
Estresse crônico ocupacional
O que é: Sobrecarga constante sem períodos de recuperação. Corpo em estado de alerta prolongado.
Sinais: Fadiga constante, irritabilidade, dores crônicas, problemas de sono.
Buscar ajuda quando: O estresse não melhora mesmo com descanso e férias.
Síndrome de burnout
O que é: Forma grave de adoecimento. Exaustão profunda + cinismo + sensação de ineficácia.
Sinais: “Não tenho mais nada a dar”, distanciamento emocional, sentir que nada que faz importa.
Buscar ajuda quando: Imediatamente. Saiba mais sobre burnout
Transtornos psicossomáticos
O que é: Sofrimento emocional se manifesta através de sintomas físicos sem causa orgânica.
Sinais: Dores crônicas, problemas digestivos, dermatites que aparecem/pioram com o trabalho.
Buscar ajuda quando: Médicos descartaram causas físicas, mas sintomas persistem.
💚 Importante: Esses tipos de adoecimento podem coexistir. A terapia pode ajudar em todos eles, e em alguns casos, acompanhamento médico/psiquiátrico também é importante.
Os papéis que assumimos no trabalho
Assim como nas famílias, nos ambientes de trabalho também distribuímos e assumimos papéis. E muitas vezes esses papéis têm mais a ver com a dinâmica do grupo do que com nossas escolhas conscientes.
👥 Os 5 papéis mais comuns no trabalho
Você se reconhece em algum desses papéis? Identificá-los é o primeiro passo para sair deles.
O Resolvedor
Sempre pega os problemas difíceis porque “você dá conta”. Quanto mais resolve, mais te dão. Resultado: sobrecarga crônica e dificuldade de dizer não.
💡 Como sair: Estabeleça limites claros, delegue, aceite que nem tudo precisa de você.
O Mediador
Sempre apaziguando conflitos, fazendo pontes, absorvendo tensões. Gerencia emoções dos outros constantemente. Exaustivo e pouco reconhecido.
💡 Como sair: Deixe conflitos serem resolvidos pelos envolvidos, cuide das suas emoções primeiro.
O Bode Expiatório
Quando algo dá errado, a culpa recai desproporcional em você. Mesmo quando a responsabilidade é compartilhada ou sistêmica. Afeta profundamente a autoestima.
💡 Como sair: Documente tudo, questione objetivamente, considere se vale ficar nesse ambiente.
O Queridinho
Nunca questionado, sempre bem visto, aparentemente protegido. Mas a armadilha: nunca pode falhar, mostrar fraqueza, ou sair do personagem. Pressão invisível constante.
💡 Como sair: Permita-se ser humano, erre sem catastrofizar, mostre vulnerabilidades estratégicas.
O Invisível
Faz o trabalho bem feito, mas nunca é visto ou reconhecido. Suas contribuições são ignoradas ou atribuídas a outros. Gera frustração profunda e desmotivação.
💡 Como sair: Comunique suas conquistas, peça feedback, considere se há perspectiva de mudança.
💡 Lembre-se:
Esses papéis não definem quem você é – mostram a função que você ocupou num sistema. Sair deles exige consciência e coragem para estabelecer limites, mesmo que o sistema resista.
Como sair desses papéis
Esses papéis limitam. E quando você tenta sair deles, o sistema resiste. Você tenta colocar limites e te chamam de “menos dedicado”. Você para de mediar conflitos e te acusam de estar distante. É como se o grupo inteiro conspirasse, sem nem perceber, para te manter naquele lugar conhecido.
Sair desses papéis exige consciência sobre eles e coragem para estabelecer limites. Aprender a dizer não é fundamental nesse processo.
Expectativas e a cultura do “sempre mais”
Vivemos numa cultura que valoriza produtividade acima de quase tudo. Você precisa estar sempre fazendo, sempre crescendo, sempre alcançando mais. Parar é visto como preguiça, ter limites é visto como falta de comprometimento.
E essa cultura cria expectativas. Você precisa responder mensagens fora do horário. Precisa estar disponível sempre. Precisa levar trabalho para casa. Precisa abrir mão de férias ou pelo menos ficar “de olho” mesmo quando está teoricamente descansando. Precisa ser apaixonado pelo trabalho, vestir a camisa, fazer além do que foi combinado.
Quando você internaliza essas expectativas, elas viram uma voz na sua cabeça. Você se sente culpado por sair no horário. Sente que está devendo quando tira um dia de folga. Compara-se com aquele colega que trabalha até tarde e acha que deveria fazer o mesmo.
Mas aqui está a verdade: você não precisa se matar pelo trabalho. Trabalho é importante, sim. É digno, sim. Mas é uma parte da vida, não a vida toda. E empresas que exigem que você sacrifique sua saúde, sua família, seu bem-estar, não merecem esse sacrifício.
Relacionamentos no trabalho
Relacionamentos no trabalho: mais complicados do que parecem
A gente passa tanto tempo com colegas de trabalho que essas relações acabam sendo muito significativas. E quando vão bem, fazem toda diferença. Quando vão mal, envenenam o dia a dia.
Dinâmicas de poder
Tem as dinâmicas de poder que complicam tudo. Aquele chefe que é controlador demais ou ausente demais. Aquela colega que se sente em competição com você. Aquele grupinho que te exclui. As fofocas, as alianças, as disputas veladas.
O que não é dito
Tem também aquilo que fica não-dito mas que todos sabem. Todo mundo sabe que aquele funcionário não faz nada mas ninguém fala. Todo mundo sabe que há favoritismo mas ninguém questiona. Todo mundo sabe que as metas são irreais mas ninguém levanta a mão para dizer.
Essas dinâmicas criam muito estresse. Você está constantemente lendo entrelinhas, se posicionando politicamente, medindo palavras. É cansativo. E muitas vezes, quando você está mal no trabalho, não é a função em si – é esse ambiente relacional tóxico.
Identidade e trabalho
Quem sou eu além do que faço?
Para muita gente, especialmente em certos contextos culturais e socioeconômicos, o trabalho vira a identidade principal. Você é o que você faz. Seu valor está atrelado ao seu cargo, ao seu salário, às suas conquistas profissionais.
Isso é perigoso porque torna você extremamente vulnerável. E se você for demitido? E se você não conseguir aquela promoção? E se você precisar dar um passo atrás por questões de saúde ou família? Seu valor como pessoa desaparece?
Além disso, essa fusão entre identidade e trabalho faz com que seja muito difícil colocar limites. Críticas ao seu trabalho são sentidas como ataques pessoais. Não alcançar um objetivo profissional parece um fracasso existencial. Você não consegue desligar porque seu eu inteiro está ali.
É importante construir uma identidade mais ampla. Você é também seus relacionamentos, seus interesses, seus valores, suas outras dimensões. O trabalho é importante, mas não é tudo. E quando você consegue fazer essa separação, paradoxalmente, você até trabalha melhor porque não está com a autoestima inteira em jogo o tempo todo.
Mudanças e transições
O medo do desconhecido
Muita gente fica presa em trabalhos que não fazem mais sentido porque a mudança assusta. E assusta mesmo, mudança traz incerteza, risco, pode envolver perda financeira pelo menos temporariamente.
Mas às vezes o custo de ficar é maior do que o custo de sair. Quando você está num trabalho que te adoece, que vai contra seus valores, que não tem futuro, que te diminui, ficar não é estabilidade, é estagnação.
Transições possíveis
Claro que não é sempre possível simplesmente largar tudo. Tem contas, tem responsabilidades, tem dependentes. Mas você pode começar a pensar estrategicamente: que passos incrementais podem te levar para um lugar melhor? Você pode buscar outras oportunidades enquanto ainda está empregado? Pode fazer uma transição gradual? Pode adquirir novas habilidades? Pode reavaliar o que realmente é necessário financeiramente e o que é padrão de vida que você assumiu mas pode mudar?
Tem também aqueles momentos de transição não escolhidos. Demissões, reestruturações, aposentadoria. São momentos de crise, mas também de oportunidade, de repensar o que você quer, quem você é, como quer viver a próxima fase.
Vale buscar apoio se:
- O trabalho está causando sintomas físicos ou psicológicos significativos
- Você identifica sinais de adoecimento que persistem
- Está constantemente em conflito no ambiente de trabalho
- Não consegue mais encontrar sentido ou motivação
- Está preso entre ficar e sair e não consegue decidir
- Questões do trabalho estão afetando outras áreas da vida (relacionamentos, saúde, sono)
- Você percebe que está num papel limitante e não consegue sair sozinho
- Precisa elaborar uma transição de carreira ou processar uma demissão
- Sua identidade está completamente fundida com o trabalho
- Você normalizou o sofrimento e não consegue mais ver com clareza
Como a terapia pode ajudar
Na abordagem sistêmica, olhamos para além do sintoma individual. Entendemos que você está inserido em um sistema organizacional que pode estar contribuindo para o adoecimento. Isso tira a culpa de você e permite enxergar a situação com mais clareza.
A terapia pode te ajudar a:
- Distinguir o que é seu e o que é do sistema
- Identificar papéis que você assumiu e como sair deles
- Estabelecer limites saudáveis sem culpa
- Tomar decisões mais conscientes sobre ficar ou sair
- Construir uma identidade além do trabalho
- Processar transições e mudanças
- Desenvolver estratégias de autocuidado e proteção
Sobre a psicóloga
Cybele Winter, psicóloga clínica (CRP 12/18251) e acredito no poder da escuta e do acolhimento no processo de cuidado emocional.
Atuo na modalidade online, atendendo pessoas de todo o Brasil. Trabalho com a abordagem sistêmica, que compreende que somos seres relacionais e que nossas questões estão conectadas aos diferentes sistemas da vida (família, trabalho, relacionamentos) que se influenciam mutuamente.
Sou formada em Psicologia desde 2018 e tenho mais de 6 anos de experiência em Gestão de Pessoas, período que me deu uma ampla perspectiva sobre como aspectos profissionais influenciam nossa saúde mental. Complementei minha formação com MBA em Liderança pela PUC-RS e venho participando constantemente de cursos e especializações para proporcionar aos meus pacientes uma prática clínica cada vez mais aprimorada.
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